Saudade
S.F. Recordação suave e melancólica de pessoa ausente, local ou coisa distante que se deseja voltar a ver ou possuir.
Uma vez eu e minha amiga caímos de moto, eu ralei minha perna toda e fiquei um tempão de castigo. Doeu muito. Outra vez eu fiquei doente e tive que tomar três injeções em locais diferentes. Caramba, como doeu!
Já ralei muito os joelhos, já levei muitas topadas (meus dedos que o digam), já machuquei meu coração inúmeras vezes, já deixei que o fizessem de bobo, se aproveitassem, pisassem nele e não sei medir a dor que isso me causou, foi tipo pisar em cacos de vidros descalça, você sabe que o vidro corta e sabe que não tem proteção mas mesmo assim se arrisca e o que você ganha? Um ferimento.
Ah, mas tudo isso uma hora outra o cérebro, os pensamentos e a lembranças se encarregam de levar embora. O tempo cura tudo.
- Opa, repete isso ai?
- O tempo cura tudo.
- Isso não, antes disto.
- Disse que o cérebro, os pensamentos e as lembranças levam a dor embora.
- Ah bobinha, você trocou tudo. São justamente eles que fazem doer mais, porque se você sentir um perfume, a lembrança vai apitas: Tá sentindo esse cheirinho? E o seu pensamento te leva direto para aquilo que você devia esquecer, e quando você lembrar vai doer, mas vai doer de verdade. Porque a saudade de que já foi não se cura com remédio, não se cura com novas pessoas, nem com roupas novas, nem dinheiro, nem nada. A saudade quando vem é como um furacão, destrói toda e qualquer coisa sólida que levou anos para ser construído. E sabe o pior de tudo isso? Você sofre, sofre e sofre quando um belo dia você diz que superou o término de um namoro, a traição de um amigo, a perda de alguém especial, vai aparecer uma coisinha para lembrar que a ferida ainda está lá e que você não superou coisíssima nenhuma e então dói mais.
Shayane Ribeiro
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